Fast Food Cultural: Quando surgiu essa ideia de desenhar? Você chegou a fazer algum curso?
Eu desenho desde os 4 anos de idade e a sério desde os 14, esta foi a época em que fiz alguns cursos intensivos na capital, enquanto eu vivia no interior da Bahia, Jequié, também fiz outros quando vim morar na capital.
Fast Food Cultural: Quais suas maiores inspirações no ramo da ilustração?
Tetsuya Nomura de Final Fantasy, Shiori Teshirogi e Kuori Chimaki dos spinoffs de Saint Seiya, Nobuhiro Watsuki de Samurai X e Akira Toryiama de Dragon Ball.
Fast Food Cultural: Atualmente, você ganha a vida com ilustração ou leva como hobby?
Levo as encomendas de ilustração como trabalho, mas eu tento tornar os projetos pessoais, tais como GS, algo que venha a me dar oportunidades melhores no futuro, com projetos de minha autoria!
Fast Food Cultural: Cavaleiros do Zodíaco é uma das franquias que mais acumula fãs pelo mundo. O que te fez escolher ela em específico?
Paixão pela série, nostalgia, porém o mais fundamental seria ganhar experiência para futuramente fazer meus projetos pessoais. Acredito que Saint Seiya me ajude a trabalhar com muitos personagens e com cenários, perspectiva e outras coisas que enriqueçam minhas habilidades.
Fast Food Cultural: Eu vi que você colocou mais de uma personagem feminina como Gold Saint. O que te inspirou a fazer isso? Você apoia a causa feminista?
Eu apenas achei que deveriam haver mais garotas como amazonas de ouro, pois no enredo, nós estamos em uma sociedade muito além até da nossa, GS se passa em 2020 e isso pode contribuir para que as pessoas pensem com mais carinho em deixar as mulheres fazerem tarefas, que até muito tempo, apenas os homens faziam! Não sei bem se isso é ser feminista, até mesmo porque o pensamento feminista deve ir bem mais longe do que isso, talvez até o fato das guerreiras terem corpo esbelto e valorizado possam incomodar algumas feministas, então não me acho defensor dessa ideia, apenas acredito que as amazonas de ouro podem ser tão poderosas e competentes como os cavaleiros!
Fast Food Cultural: Em tempos onde minorias são inclusas substituindo gêneros e etnias da história original, como foi a aceitação dos fãs quando você inseriu mulheres como amazonas de ouro?
Creio que 30% dos fans não recebem bem a idéia, mas a maioria tem aceitado com bons olhos, o grande problema é que boa parte das séries de Saint Seiya são feitas por mulheres que gostam de desenhar homens bonitos e tudo mais, já o que tange a obra do Kurumada é pelo fato de ter sido produzido numa época de grande (maior do que hoje) preconceito contra mulheres.
Fast Food Cultural: Você já pensou ou pretende incluir outras minorias no seu Gold Saints, como negros, homossexuais e trans*?
Este assunto é extremamente polêmico e gera muitas brigas em grupos na internet, eu preferi me abster deste assunto por não ter competência para abordar isso da melhor forma, peço até desculpas por isso. Eu preferi abordar um tema mais “aguerrido”, como ter um judeu, uma islâmica e um cristão no santuário, em meio a uma cultura bastante à parte de suas origens, achei mais interessante trabalhar com o que eu entendo e acompanho mais na mídia. Preferi dar ênfase a este assunto porque ele tem mais a ver com “guerra” e se tratando de Guerra Santa, essas três origens e religiões vem muito a calhar!
Fast Food Cultural: O que você acha da representação feminina na série original de Cavaleiros do Zodíaco?
Deveriam haver mais mulheres, pois vemos em toda a mitologia grega a participação de mulheres importantes como guerreiras, citando Hipolita por exemplo, a filha de Ares e tantas outras amazonas que constam nos mitos gregos, sem falar nas deusas também.
Fast Food Cultural: Sabemos que o mundo das ilustrações é, por muitos, menosprezado. Como foi a reação dos seus amigos e família quando você optou por essa carreira?
Apoio total, minha mãe mesmo, sempre me disse “você é desenhista” e eu levei a sério (risos). Mas os amigos são meio divididos, alguns dizem que isso não da retorno, outros apoiam muito, outros exageram demais nos elogios e críticas, mas é tudo dentro do esperado, sempre vão haver pessoas que acham que você não pode algo, porque não da retorno, mas o que é gostoso na vida é ser desafiado e vencer os desafios, se acomodar e andar do mesmo jeito que os outros sempre me incomodou!
Fast Food Cultural: Qual sua maior inspiração brasileira e internacional neste ramo?
No Brasil eu tinha uma referência muito legal, a Roberta Pares, sempre busquei ser tão bom quanto ela, se por acaso ela ler isso, eu até gostaria de agradecer muito por ser um grande exemplo nacional, pra mim. Internacional, bem, tem o Tetsuya Nomura, o character designer de Final Fantasy 7-10, este foi o principal responsável por eu ser extremamente exigente comigo mesmo, quando leio sobre sua vida eu vejo como ele cresceu e se tornou tão respeitado na Square Enix, de desenhista a diretor dos jogos, é alguém que sempre foi exemplo pra mim, o fato de criar um dos personagens mais memoráveis da história dos games como o Cloud Strife me motiva a criar personagens, meu sonho é ter um personagem aclamado algum dia [risos].
Fast Food Cultural: Você já foi chamado pra trabalhar em algum estúdio ou como ilustrador freelancer graças ao Gold Saints?
Não, GS me trouxe visibilidade e pessoas apostando na minha arte, pedindo encomendas e tudo mais, mas não me gerou oportunidades firmes em algum estúdio, mas minha carreira de desenhista já teve outros momentos, trabalhei contratado em uma empresa de jogos pra computador e também já fui freelancer de outra empresa de jogos!
Fast Food Cultural: Você pretende comercializar o seu trabalho? De que forma?
Não pretendo comercializar GS, este trabalho é tecnicamente gratuito, apesar dele requerer ajuda de custo, como doações, ter meta estipulada pra começar uma produção, mas isso não é uma visão lucrativa, apenas uma forma de suprir a ausência no meu trabalho diário com clientes e encomendas.
Fast Food Cultural: Recentemente você o lançou no meio online. Pretende disponibilizar o/s mangá/s em que formatos além deste?
Provavelmente não, pois é um meio que sofre com burocracias e custos altos de produção. O meio digital é mais prático, pois o sucesso dos celulares, tablets e smartphones caminham muito nesse ritmo de produção, leitura e obtenção rápida do material, é mais confortável para nós produzir apenas digitalmente, apesar dos custos de energia, perda de clientes e outras coisas que acabam dando certo prejuízo , necessitando serem repostos.